Aeronaves da FAB transportam indígenas para atendimentos no interior do Amazonas

Desde o dia 4 de maio, a Força Aérea Brasileira (FAB) está apoiando a ação da Organização Não Governamental Expedicionários da Saúde (EDS) que leva atendimento médico a indígenas que vivem em locais de difícil acesso na região amazônica.

A equipe de médicos, enfermeiros e logísticos foi transportada em aeronaves da FAB, de Campinas (SP) até a região de Lábrea (AM), onde – a cerca de 60 quilômetros – está localizada a Aldeia Crispim. No local, foi montado um complexo hospitalar, com apoio do Exército Brasileiro e governo local.

A pedagoga e coordenadora geral do Programa Operando na Amazônia da EDS, Marcia Abdala, explica que a região foi escolhida devido à demanda reprimida e pela ONG nunca ter atuado na área sob responsabilidade do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Médio Rio Purus.

“Foram realizadas 256 cirurgias até agora. Serão aproximadamente 300 cirurgias e 3000 atendimentos nas seguintes especialidades médicas: oftalmologia, clínica geral, pediatria, dermatologia, ginecologia, odontologia e ortopedia. As principais cirurgias são cataratas e hérnias”, contabiliza a coordenadora. Ela calcula que até o fim da Expedição nº 40 – como é chamada a ação – terão sido realizados cerca de 4000 exames e procedimentos. O trabalho segue até o dia 12 de maio.

Militares do Esquadrão Harpia (7º/8º GAV), da FAB, que operam a aeronave H-60L Black Hawk, realizam os transportes dos indígenas de suas aldeias até a Aldeia Crispim e no trajeto de volta. Além disso, levam os médicos até as aldeias para que realizem a triagem dos pacientes.

O Tenente Hilbert Harrison Pessoa de Lima é um dos pilotos que participam da missão e destaca algumas das peculiaridades do trabalho, como as condições geográficas e culturais. “A dificuldade é a própria floresta e a meteorologia instável. A mata é bem fechada e os locais são restritos para pouso. Além disso, cada tribo tem seu próprio idioma, sua própria cultura e nem sempre podemos colocar pessoas de tribos diferentes juntas porque pode haver conflito”, explica. “Está sendo um aprendizado muito grande, cada dia uma emoção diferente”, diz o aviador.

Algumas aldeias da região só tem acesso por via fluvial e o trajeto pode levar até 10 dias e depois mais algumas horas de caminhada. “Por isso o transporte por helicóptero é o mais adequado, ainda mais se tratando de pacientes que passam por cirurgia”, completa o Tenente Hilbert.

Para a coordenadora Marcia, essa é a principal razão da necessidade do apoio aéreo. “O apoio da FAB no transporte das equipes e pacientes é fundamental para o sucesso da Expedição”, ressalta ela.

Apoio

A operação de apoio aos Expedicionários da Saúde é coordenada pelos Ministérios da Defesa e da Saúde. Além da Força Aérea, outros órgãos trabalham para viabilizar os atendimentos.

O Exército disponibilizou 41 soldados que estão na Aldeia Crispim ajudando no transporte de carga, na segurança e nas obras locais.

As obras foram realizadas pela equipe do Distrito Sanitário Especial Indígena Médio Rio Purus e ficarão como benefício para a comunidade após o término da Expedição. O Distrito também disponibilizou aproximadamente 150 profissionais, entre enfermeiros, técnicos de enfermagem, apoiadores e barqueiros.

A equipe dos Expedicionários reúne 70 voluntários. São 35 médicos, 3 coordenadores e 12 enfermeiros especializados em atendimento em centro cirúrgico e cuidados com pré e pós-operatório, além de farmacêuticos, engenheiros clínicos – para manutenção de equipamentos médicos, técnicos, logísticos e apoiadores.

Prontidão

Além do apoio aos atendimentos realizados mediante triagem, as equipes da FAB estão prontas para realizar Evacuação Aeromédica (EVAM) de emergência. Foi o caso de um paciente infartado levado da Aldeia Crispim até Lábrea no helicóptero Black Hawk do Esquadrão Harpia e, de lá, até Porto Velho (RO) em uma aeronave C-98 Caravan do Esquadrão Cobra, ambos sediados na Ala 8, em Manaus (AM).

O acompanhamento médico foi realizado pelos voluntários da ONG Expedicionários da Saúde. Na capital de Rondônia, uma equipe do SAMU já aguardava no aeroporto e levou o paciente para o hospital para receber atendimento especializado.

O comandante do Caravan, Capitão Diogo Albuquerque, destacou a prontidão no acionamento. “As ações aconteceram rapidamente, pois o acionamento ocorreu às 12h30 [horário local] e o paciente chegou em Porto Velho às 14h45. Essa pronta resposta e sinergia entre os esquadrões foram fundamentais para garantir a vida de mais um brasileiro”, disse.

O piloto falou, ainda, da realização de poder participar de missões dessa natureza. “Quando fiz concurso para ingressar na FAB, foi exatamente porque gostaria de poder contribuir com a nação e a nossa população. Salvar uma vida não é apenas o meu trabalho e sim uma grande alegria, pois cada vida que salvamos muda nossas vidas também”, completou.

Fotos: Cap Diogo Albuquerque (ETA 7) e Ten Bruno Cabral (7º/8º GAV)